A NOSSA VENEZUELA
( A greve dos caminhoneiros)
Ontem, e a partir de hoje temos a
cara da Venezuela. Vimos uma categoria profissional trazer um transtorno máximo
a toda a população brasileira através da greve e o fechamento de estradas pelos
caminhoneiros. A redução de 10% do preço do diesel, ainda que provisória por 15
dias, já foi olhada com preocupação pelo mercado internacional. As ações da
Petrobras caíram 11% de valor em apenas
um dia. A dúvida que fica é se a Petrobras vai voltar aos tempos de controle de
preços, praticado pelo governo do PT, ignorando os aumentos internacionais do
preço do barril de petróleo que atingiu 80 dólares com viés de crescimento
pelas crises internacionais em curso.
A solução mais uma vez encontrada pelo
executivo e legislativo foi colocar o ônus nos ombros do empresário nacional
com a reoneração dos impostos sobre a folha de pagamento. Aliás o governo
adorou, pois, isto já representa 7% do PIB (algo em torno de 460 bilhões de
reais) e vai ajudar a combalida receita governamental. Novamente o caminho é o de aumento de impostos.
Agora é para as empresas, mas não tarda será para as famílias, seja pela renda
ou pelo consumo. Pelo lado do consumidor ocorrerá indiretamente de forma
imediata. O aumento do custo das empresas certamente será repassado para o
consumidor final. Resultado prático será uma maior inflação com redução do
nível de consumo e redução da própria arrecadação dos impostos.
É incrível o nosso nível de
dependência do transporte rodoviário, na ordem de 64% em detrimento a outros
modais. Independentemente de onde possamos chegar com esta greve o sindicato
dos caminhoneiros já testaram o seu poder e certamente vai usá-lo com mais
intensidade a partir de agora. O
sindicato dos metalúrgicos e os demais congêneres estão morrendo de inveja
desse poder recém adquirido pelos caminhoneiros. Provavelmente lançarão
candidatos ao parlamento municipal, estadual e federal nas próximas eleições.
Desta forma caminhamos a passos de cágado em relação ao nosso crescimento
econômico e combate ao déficit fiscal que tanto nos atormenta. E conversar sobre a redução de despesas,
como os privilégios governamentais, ninguém propõe.
JOÃO TEIXEIRA DE AZEVEDO NETO
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