PIOR A EMENDA QUE O SONETO

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( A compra dos votos pela fisiologia)





A expressão “pior a emenda que o soneto” surgiu por causa do poeta português Manuel Maria Barbosa du Bocage. Ele era tão respeitado que, um belo dia, uma pessoa interessada em ser escritor procurou-o com um soneto. Pediu ao poeta que o lesse com carinho e anotasse os erros. Bocage concordou. No dia seguinte, encontraram-se para conversar. Para surpresa do poeta aprendiz, Bocage não havia anotado nada. Tinha achado o texto tão ruim que nem valia a pena corrigir, porque a emenda seria pior do que o soneto. Se o conselho fez com que o escritor desistisse da carreira, a história não registra. Mas a frase se tornou uma espécie de ditado popular. Se alguma coisa que fazemos não sai exatamente como deveria, nem sempre dar um jeitinho resolve. A emenda pode sair pior do que o soneto.
Em uma versão mais moderna já ouvimos dizer: ele é pior tentando melhorar..... Isto vale certamente para as emendas parlamentares que são destinadas aos nossos deputados e senadores. Com o nosso pobre dinheirinho público eles se locupletam anualmente com promessas e obras públicas. Por exemplo, em 2018 cada deputado/senador tem um verba de 15 milhões que totalizam 8.8 bilhões do nosso orçamento publico. Resumindo, dá-se ao parlamentar um poder de negociação de voto. Ou seja : o famoso, é dando que se recebe.  Ao invés do parlamentar ser valorizado pelos seu projetos ele é glamurizado pelas suas emendas fisiológicas. Continha fácil de fazer, com 62 milhões de reais/ano podemos ter um hospital de porte significativo com equipamentos de ponta atendendo 600 pacientes por dia.  Logo, poderíamos ter com os 8.8 bilhões 142 hospitais adicionais em todo o pais. Mas os deputados e senadores  não capitalizariam para o eleitorado as suas ações parlamentares individuais. E certamente que os que vão se candidatar a reeleição em outubro vão lembrar a todos os beneficiários de suas emendas como foi bom tê-lo como santo protetor.  
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