O MEDO DE PERDER
( eleições presidenciais)
A
única certeza que temos é que o que está aí não está bom. Nosso sistema representativo
é muito ruim, talvez um dos piores. E vamos combinar, não é apenas no Brasil
que isto acontece. Certamente que rever o sistema atual de voto é
uma das nossas maiores prioridades. O melhor exemplo são as pesquisas de
intenção de voto presidencial para o segundo turno. A de 25 de setembro do IBOPE dá 43% para Haddad e 37% para Bolsonaro. Podemos dizer tranquilamente que “o medo de perder tira a vontade de ganhar”. Desses 80 por cento, quanto de fato seria um voto de mérito para o respectivo partido/candidato?
Quanto de medo leva o eleitor para o voto envergonhado e/ou do medo do outro?
Quantos terão que se violentar em seu voto apenas para terem a consciência plena
de que participaram da decisão final da escolha presidencial? Alguns caminhos aparecem
na discussão para eleições futuras. O voto por candidato, por exemplo. Se os partidos de fato não têm
a menor identidade, como vemos principalmente pelas coligações feitas entre
eles, porque não? A meritocracia seria excelente, mas seu maior desafio seria
decidir quem faria a avaliação dos candidatos, combinando um colégio eleitoral com
o voto popular. É mais ou menos o seguinte: o que temos hoje é a tirania da
maioria, não obrigatoriamente o que há de melhor para os caminhos do país. Isto já ocorre em outros países, como os Estados Unidos, com o objetivo de buscar dentro da democracia um uso adequado para a meritocracia. Por
outro lado, só o fato de estarmos discutindo este tema já e altamente promissor.
JOÃO TEIXEIRA DE AZEVEDO NETO
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